Gestão, Futebol e Direito – Mudança constante de direção no comando.

Já se tornou habitual esse entra e sai de Técnico em time de futebol. Dorme-se empregado e acorda desempregado, isso só para falar sobre o ponto de vista do treinador, mas e dos colaborados/jogadores de futebol?

 

A implementação de um trabalho de gestão, seja de pessoas, processos ou marketing, leva tempo, sempre de médio e longo prazo. As medidas de curto prazo são mais ligadas à motivação, mas não se sustentarão se não houver um trabalho planejado e estruturado de resultados, que poderão ser balizados por meio de metas específicas.

 

Mas como mensurar objetivamente os resultados se o comando está sempre sujeito a impressão pessoal e intuitiva? Resultado no futebol pode ser mais simples de ser sentido, pois basta ver se o time está ganhando, empatando ou perdendo; pelo menos a grosso modo. Porém, a avaliação deveria (ou poderia) ser feita de forma global, porque os resultados finais serão sentido minimamente a médio prazo.

 

Mas há duas crenças que amparam esse “troca-troca” de técnico: a sensação de possibilidade de mudança rápida, que de fato pode até acontecer quando se troca o gestor; e a responsabilização de alguém pelo insucesso.

 

Acontece que acima de um técnico certamente há um diretor. E quem é o culpado? O Técnico, pelo insucesso imediato e falta de tempo hábil para implantar medidas de médio e longo prazo ou o Diretor, que contratou mal e não confiou ao seu gestor todas as ferramentas necessárias para trabalhar?

 

Bom, agora traga a rotina do futebol para a sua empresa e compatibilize as situações, colocando o Técnico como o seu Gerente e o Direito como o CEO da sua empresa. Em lugar nenhum muda-se o comando esperando resultados em dias ou semanas. É surreal!

 

Isso não é gestão, é, talvez, um exercício motivacional.

 

Mas e qual a relação do Direito com isso?

 

Tanto do lado do Técnico como do Clube de Futebol há responsabilidades. A contratação desses profissionais são feitas por contratos com prazo determinado. Pela volatilidade do mercado, nota-se que são contratos de prazo curto, ao contrário dos jogadores que tem previsões de tempo maior. Mesmo assim, um contrato de um ano tem, muito provavelmente, uma multa rescisória, que assegura os dois lados, o técnico, que poderá contar com aquele emprego durante um ano, e ao Clube, que não perderá o comandante do seu time para algum rival.

 

Ao rescindir prematuramente um contrato com um técnico, perde-se todo o tempo investido (e tempo é dinheiro), passa a sensação para o time de colaboradores/jogadores que a culpa foi do técnico (meio que tirando essa carga de responsabilidade dos próprios colaboradores/jogadores), é necessário reiniciar o trabalho, sob um novo ponto de vista e ainda tem o custo direto e efetivo com a dispensa do técnico, com salários desperdiçados e multas rescisórias altíssimas.

 

Para fugir dessas penalidades, muitas dessas discussões vão parar no Judiciário, discutindo a culpa implicadora da multa rescisória. Como a questão pode levar algum tempo e com as sucessões de diretoria dos clubes, muitas vezes a conta só virá lá na frente, mas é fácil perceber, pelo montante de dívidas dos clubes, a ingerência dos diretores futebolísticos brasileiros.

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