Atualmente vivenciamos tempos difíceis. É visível o medo coletivo.
Ao longo dessa semana (hoje é dia 03.04, sexta-feira), fui obrigado a ir no Banco para resolver o levantamento de um alvará judicial. Só fui realmente porque eu não tinha escolha. Era uma quantia que o cliente precisava e só pessoalmente para resolver isso, infelizmente.
Lá, enquanto estava na fila, que era pequena e distanciada entre as pessoas, notei alguns poucos idosos, três ou quatro, sendo que a dúvida era a mesma, como receberiam suas aposentadorias. Acostumados a sacarem os valores dos benefícios em caixas de atendimento pessoal e, muitos deles, sem o hábito de uso das funções de débito do cartão, se viram, ainda que com dinheiro em conta, inviabilizados pelo desconhecimento.
Nosso site essencialmente tem a função de informar sobre direitos e, como premissa básica, evitar o uso do que chamamos de “juridiquês”. Como nossa missão é informar – e para isso é preciso refletir – escrevo esse texto, que, ao final, não tem qualquer aprendizado ou ensinamento jurídico.
Voltando à fila, um senhor em especial me chamou a atenção, já com a idade bem avançada e com uma dificuldade de fala e compreensão advindas dela ou de outros agravantes. Nessa agonia desse senhor só de olhar o maquinário do banco que, possivelmente, jamais os tenha manuseado sozinho, a atendente, não muito solicita, já que o temor desse momento afastou a gentileza das pessoas, afirmava que ele não seria atendido no banco, que estava aberto, mas, segundo ela, com poucos funcionários. Não recrimino a ideia do “não atendimento pessoal”, até porque é necessário o isolamento social, mas a falta de amparo e assistência dela com aquele senhor, ao menos lhe dando ideias ou sugerindo formas de resolver aquela situação que, para ele, repito, era de difícil solução.
Parece uma questão simples, já que hoje a maioria das pessoas praticamente não usam mais dinheiro, fazendo uso apenas da função débito ou crédito dos cartões. Contudo, no dia de hoje, recebi uma ligação de uma senhora, que disse ter achado o contato do escritório por meio do seu filho (acredito que pelo Google), perguntando-me como receberia a sua aposentadoria, já que os bancos estavam sem atendimento. Expliquei o simples, para mim.
Deixamos de fazer de ter algumas atitudes no dia-a-dia como a gentileza, a compaixão e a educação, ao passo que as pessoas mais sensíveis e frágeis estão sentido na pele todas essas mudanças.
Preocupo-me com a economia, com o comerciante (não os grandes, mas os pequenos comerciantes) e principalmente com todos no grupo de risco, dentre eles familiares meus, mas preocupo-me ainda mais com os impactos dessa pandemia em nossas vidas. Quem somos e quem seremos depois disso tupo?